sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Com açúcar, para adoçar a boca.

Não é de cais do porto ou do armarinho do seu Aragãozinho Moscoso, nem da casa noturna de dona fulô ou das noites quentes de candomblé: é calor das caldeiras do navio, é vapor da casa de máquinas, é o azul imenso do céu que encontra o mar e o desconhecido nas profundezas das fossas abissais.
Se é amor de marinheiro sempre há volta, ou nunca mais. O porto sempre estará lá, se há de rever o amor tão imenso, há de rever. Um navio tem sempre o destino errante, mas no mar, tudo pode acontecer.
je promise que je vais revenir
ces't vrai.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Sonhos e o castigo



Minha boca presa em lábios grudados e rachados, tenho nos olhos a visão do horror da noite passada. O sonho me fez vomitar a bílis, não tenho como deglutir uma coisa tão áspera como a morte por um amor. Um amor, que nos sonhos vira as costas e anda com desprezo, atrás um feto, um ventre que chora. Há de voltar atrás por aquele pobre pedaço de carne humilhado? Não. Segue em frente e meu ar sufoca. Imagens em desespero, eu corro pelo apartamento vazio como numa paralisia do sono. Onde estaria essa carne agora? Podre. Esquecida para um futuro incerto de inseguranças e erros. Quantos erros as pessoas podem cometer? Quantos erros você aceita cometer? nenhum, mas cometi todos eles: o de sonhar e amar, juntos como uma prece infinita e ecoando na minha mente.

Agora, tenho minha cabeça encostada em travesseiros, qual será o presságio dessa noite? dormir só.
Ter em mãos uma vida desordenada, no amor e na dor. Teria eu coragem de mudar tudo isso? Seria eu mais um artista fracassado, no álcool, no vício? ainda tenho em mim a vontade de mudar, e tudo me faz regredir e me diminui ao ponto de não conseguir falar. Estou novamente presa a um amor antigo, a uma dor constante de perda. Estar só, parece uma virtude, eu tentei que fosse, mas está mais para o vazio. Estar só, deveria encher-me de auto conhecimento, e produção artística. Isso tudo me puxa para um buraco de matéria escura, carne e sangue, seria eu a próxima artista a afundar no completo vazio? Serei eu a próxima artista a não conseguir ser artista?